Nossa filha Sara está cada dia melhor. Retiraram a sonda e ela abriu os olhos pela primeira vez. Ir pra casa sem ela é mto difícil, choro todos os dias, pois o cheiro dela fica em mim...Qdo chego na UTI e falo com ela, a respiração fica ofegante, é impressionante, meu coração fica apertadinho...
A vida das mães na UTI não é fácil. Tinha uma mãe que estava lá há 7 meses, tem outras que ficam anos até que as crianças estejam aptas a saírem dos cuidados intensivos ou, muitas vezes, vão para casa em "Home Care" (quando monta-se uma verdeira estrutura de hospital dentro de casa).
Segue trecho da matéria Mães de UTI que li na Revista Claudia.
As mães de UTI pertencem a um universo invisível para quem está
só de passagem por um hospital. São aquelas mulheres que
saem pela porta dos fundos das maternidades, sem o filho recém-nascido nos
braços. Ou aquelas que se vêem obrigadas a devolver suas crianças
aos cuidados da medicina. De uma hora para outra, elas são arrancadas de seu
cotidiano familiar. Planos são interrompidos. A vida é suspensa pelas ameaças
permanentes que pairam sobre seus filhos. "Não bastasse toda essa situação,
ainda convivem com a culpa. Inconscientemente, responsabilizam-se pelo fato de o
filho não ter nascido saudável", diz a psicóloga Daniela de Almeida Andretto, da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. "Com isso, isolam-se do
mundo e, em muitos casos, até do marido." Entre as mães de UTI, o índice de
divórcios é altíssimo. Chega a 30%, quando a criança fica internada até seis
meses, e a 50%, quando a hospitalização chega a um ano. Acima desse período, 70%
delas enfrentam a separação.
Muitas vezes sem ver a luz do sol e a cor da rua, elas se exilam da vida
profissional e pessoal, deixam de lado o marido e os outros filhos. Cercadas de
monitores, cateteres, tubos, bombas de infusão e respiradores que avivam seus
pequenos, enfrentam um jogo de tudo ou nada. O que sabiam antes pouco serve no
estressante mundo hospitalar: elas têm de aprender a ser mãe de quem está por um
fio. Devem lidar com um corpo frágil, que nem sequer pode mamar seu leite e se
aquecer no seu colo. A rotina da criança tampouco lhes pertence – médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos decidem tudo. À primeira vista, o
grupo mais parece um batalhão de intrusos interpondo-se na relação mais tenra,
primitiva e indispensável que se estabelece entre mãe e bebê no início da
existência dele. A gestante entra na maternidade para parir um sonho e, no lugar
dele, se depara com doenças incuráveis e adversidades.Em geral, é este o enredo: elas perdem o chão com a notícia de que o rebento não
deixará o hospital...
...continua na Revista Claudia....
...continua na Revista Claudia....
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