sábado, 10 de novembro de 2012

Reportagens especiais...

O Fantástico mostrou uma história linda que um repórter descobriu em Belo Horizonte. É a história de um pai, naquilo que um pai tem de melhor: a busca pela felicidade do filho.


Felipe Faleiros, tem 13 anos. Durante o parto, a falta de oxigênio no cérebro de Felipe provocou uma paralisia motora. Felipe não pode andar, a família faz de tudo pela felicidade dele. Ele vai para a escola, lê, faz contas, entende tudo normalmente. Está na sétima série, a mesma de qualquer criança na idade dele. Mas Felipe sente falta de jogar bola com os meninos na aula de Educação Física, um problema sem solução. Ou melhor, um problema que só um pai criativo e apaixonado pelo filho poderia resolver. O advogado Alexandro Faleiro mandou fazer uma bota especial. Pai e filho, agora, são um jogador só. 

“É a realização de um sonho de toda uma família, de uma estrutura. É mais que um título mundial, é mais que um prêmio de Mega Sena, é amor puro”, conta Alexandro.


No palco do Encontro de Fátima Bernardes, a escritora Fernanda Young falou pela primeira vez sobre o problema da filha Catarina, de quatro anos. "Ela nasceu com uma doença congênita e tem hidrocefalia. Ela já operou duas vezes para colocar válvula. Quando a gente é agraciado pela sorte de ter um filho especial é porque nós somos abençoados e somos capazes. Ela é uma menina muito inteligente. Foi uma bênção porque foi descoberto por milagre. Foi intuitivo, ela não chegou a convulsionar, eu percebi que ela tinha alguma coisa cedo. Eu estou escutando que é bom falar, mas eu nunca falo para não parecer que é um tipo de apelo", contou.
Fernanda faz questão de deixar o papel de coitadinha de lado. "A Catarina tem o sistema cognitivo muito avançado. Como ela ficou restrita nos movimentos, ela é muito envolvente, manipuladora demais. O que eu ensinei lá em casa é que não tem coitadinha. No início, a casa ficou muito codependente da dor dela e eu tive que lidar com isso e coloquei logo no colégio”, contou.


Isabel Fillardis, que também tem um filho com necessidades especiais, apoiou a escritora. “Você fez muito bem de ter falado. Tem que falar mais, não é apelativo. Eu também achava que seria, mas é que a gente passa por tanta dificuldade. Recentemente, eu recebi o depoimento de uma mãe e foi marcante porque eu senti tudo o que ela sentiu. Eu senti vergonha, senti inveja das outras mães porque tinham os filhos normais. E agora eu posso falar porque eu já senti. Tem muita mãe e pai ouvindo a gente em casa”, disse a atriz.
O filho de Isabel Fillardis, Jamal, de 9 anos, tem uma síndrome rara que compromete o desenvolvimento, a chamada Síndrome de West,  um tipo de epilepsia que altera o desenvolvimento mental. “A gente descobriu quando ele tinha 5 meses. Começamos a fazer várias terapias com ele. Agora ele está na escola, mas não foi fácil. Não é fácil matricular nossos meninos na escola. Entendo o lado do ensino, mas se a gente não se ajudar e se o ensino não estiver disposto a recebê-los, não vai acontecer”.  Sensibilizada, decidiu lutar pela causa dos portadores da doença e, em 2006, lançou a campanha A Força do Bem, dedicada a promover auxílio a pessoas que necessitam de cuidados especiais (deficientes visuais, mentais, auditivos e/ou motores), e que não tenham condições para isso. Em 2003 já havia fundado a ONG Doe Seu Lixo, voltada para área socioambiental.
Carta da atriz para os filhos:

Queridos Jamal e Analuz,
“Você, Analuz, nasceu em um parto normal, que poderia chamar de tranqüilo. Quando você estava com um ano e meio, mamando no meu seio ainda, nossa casa ficou pronta. Fiz loucuras. Carreguei caixas, lavei chão. Não sentia nada. Depois de um tempo, vieram os enjôos, a falta de apetite. Quando fui ver, estava grávida do seu irmão, Jamal.
Você, meu filho, nasceu em uma cesárea aflita. O cordão umbilical se enrolou no seu pescoço – e depois, para a nossa preocupação, na sua cintura. Passado o susto, estava tudo bem. Mas comecei a achar que havia algo estranho na amamentação. Você tinha dificuldade de sugar o leite. Me sentia péssima. Eu não desisti e lhe dei meu leite com colherzinha até os seis meses. Você se submeteu a um encefalograma e os médicos constataram a síndrome de West (uma doença que deteriora os neurônios e causa atraso no desenvolvimento psicomotor), quando tinha cinco meses. Até os dois anos, eu e seu pai Júlio César precisamos levá-lo ao hospital várias vezes. A síndrome deixa seqüelas respiratórias e qualquer resfriado podia se converter em uma bronquiolite. Eu sofria, mas não me revoltei. Sempre mantive a fé de que você ia vencer. E venceu. Em agosto, um novo encefalograma revelou que você venceu a síndrome de West. Mas só teremos certeza da vitória plena quanto você atingir sete anos, idade considerada crucial para o crescimento da criança. Jamais deixo de estar vigilante. Nossa rotina semanal inclui quatro sessões de fisioterapia, duas de fonoaudiologia, uma aula de equoterapia (com cavalos), e logo você fará psicoterapia e terapia ocupacional.
Filho, você me ensinou muito sobre superação. Crianças especiais são como borboletas. Têm o tempo certo de florescer, pôr as asas e sair do casulo. Gostaria que todas as mães do mundo vibrassem a cada movimento dos filhos. Uma das conquistas que mais me emocionaram foi o seu sorriso. Você tinha um ano de idade quando o vi abrir um enorme pela primeira vez. Estava ajoelhada na sala contando uma história para sua avó, que o ninava. De repente, eu me joguei no chão. Perplexa, notei que você estava gargalhando. Ajoelhei, me atirei de novo e você voltou a soltar um sorrisão. Eu ria e chorava. Vê-lo feliz me fez sentir muito poderosa. E tenho me sentido cada vez mais assim, com munição e fé para lutar ao lado de vocês.”




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